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Social and Emotional Learning Exchange

Atualizado: 1 de jun. de 2020

A primeira conferência para compartilhamento de práticas internacionais

Com a colaboração de Ana Luiza Colagrossi


 

A primeira conferência de Educação Socioemocional promovida pela organização Casel (Collaborative for Academic and Social and Emotional Learning): o “Social and Emotional Learning (SEL) Exchange 2019”, nos proporcionou reflexões importantes, que embasaram diversas diretrizes para 2020.


Para discutirmos as perspectivas para este ano, precisamos contextualizar a conferência que aconteceu em outubro de 2019 e reuniu em Chicago mais de 1500 profissionais de diversos países para a troca de melhores práticas em Educação Socioemocional. O evento promoveu a interação entre professores, educadores, pesquisadores, consultores, lideranças globais e jovens, e nos permitiu traçar um panorama mundial sobre a Educação Socioemocional.


Mesmo antes do evento, ao receber a programação, percebemos a diversidade de conteúdos e variedade no formato das apresentações. Sem dúvida a voz do professor estava presente em todos os espaços.





SEL do adulto é o primeiro passo


O conhecimento e o comportamento entre adultos são críticos para implementar a educação socioemocional, pois são os adultos que provêm um contexto importante para o desenvolvimento das competências dos estudantes e que os preparam para o mundo além da escola.


Atualmente, a aprendizagem socioemocional é frequentemente considerada um “complemento”, e não parte integrante do currículo, e isso deve mudar para que o campo continue a crescer e forneça impactos duradouros. Desta forma, um dos aspectos presentes na Educação Socioemocional é conseguir incorporá-la em todos os contextos da escola, não restringindo apenas a uma atividade em sala ou a uma conversa com o professor.

Mark Bracket, em uma das palestras, enfatizou a importância do aprendizado contínuo. Segundo ele, nenhum aluno lê ou escreve uma vez por semana por apenas uma hora. Assim, da mesma forma que a leitura e a escrita estão presentes em todas as atividades, os princípios do socioemocional também precisam ser incorporados aos conteúdos e dia a dia da escola e das famílias.


O SEL deve fazer parte da educação. Para isso, professores devem ter habilidades socioemocionais desenvolvidas e recursos para estimulá-las nos alunos. Durante o evento, o Mark Bracket diretor do Center for Emotional Intelligence da Universidade de Yale, lançou o livro “Permissão para Sentir” e cada um dos presentes teve a oportunidade de receber um exemplar.


É importante também pensar o desenvolvimento de habilidades socioemocionais da comunidade e da família, pois eles impactam a vida do aluno e o preparam para a vida. Quanto mais solidário o ambiente onde a criança ou jovem vive, melhor adulto ele se tornará.


Voz do jovens


“Não podemos trabalhar pelos jovens, mas para os jovens” disse um dos participantes, em uma das sessões. Sem dúvida, este deve ser um dos pilares do desenvolvimento socioemocional. Se não houver espaço para a voz do jovem, ele não se sentirá comprometido e buscará um outro espaço onde se sentirá ouvido. Inclusive para estabelecer programas dentro de escolas, universidades e até mesmo corporações, a voz do jovem deve ser ouvida.


Foi interessante comparecer a uma sessão que foi inteiramente conduzida por jovens universitários. O tema da sessão foi: "A construção da parceria entre jovens e adultos para a criação de ferramentas de avaliação". Um dos importantes takeway deste encontro foi, sem dúvida, a importância de haver para o jovem uma contrapartida clara para que ele responda a questionários com engajamento. Os dados que você irá coletar gerarão efetivamente ações que retornarão para aqueles jovens que responderam ao seu questionário? Se a resposta foi sim, você está no caminho certo para construir uma parceria duradoura.


Espaço para novas ações


Uma das apresentações que teve maior procura foi a de “Inovação na Prática de Socioemocional: Implementando SEL Kernels em Contextos Diversos”. SEL Kernels foi desenvolvido pela Dra. Stephanie Jones e o EASEL Lab do Departamento de Educação da Universidade de Harvard com um grande embasamento científico e foco na prática do professor. A sessão nos mostrou como o SEL Kernels pode ser integrado nos mais variados contextos e ser adaptado a diferentes culturas e recursos disponíveis. É possível também incorporar o Kernels no cotidiano das escolas, em programas de férias, de maneira simples e compreensível a todos, gerando um impacto socioemocional importante nas comunidades em que é implementado. A sessão contou com a apresentação de Ana Luiza Colagrossi relatando a experiência de adaptação, contextualização e implementação nas unidades de educação infantil em um município do Rio de janeiro.


Está muito clara para todos a importância da formação socioemocional na infância. Porém, ao longo do Exchange e mesmo em sua programação, não observamos a mesma intensidade de iniciativas para a adolescência. Apesar do progresso e crescimento do campo do SEL, os resultados negativos para jovens, como taxas de suicídio e problemas de saúde mental, não mostraram muita melhora nos últimos 20 anos. A adolescência é uma fase marcada por muitas transformações físicas e emocionais, certamente o desenvolvimento socioemocional faria muito sentido.


As ações de formação em SEL para professores de ensino Médio são raras e para professores universitários quase inexistem. Da mesma forma, são menores as iniciativas socioemocionais existentes para alunos universitários. Professores da Educação Infantil, dos Ensinos Fundamental, Médio e universitários devem estar preparados para lidar em sala de aula com situações que envolvam questões sociais e emocionais dos alunos.


Há também pouco investimento em educação socioemocional nas organizações para jovens profissionais. Recrutadores avaliam o comportamento do jovem nas entrevistas de seleção, mas a preocupação da organização em promover o desenvolvimento de habilidades socioemocionais depois da contratação é menor.


Entretanto, sabe-se que o desenvolvimento de habilidades socioemocionais como saber lidar com as emoções, a tomada de decisão responsável e a empatia, acabam gerando maior engajamento e, consequentemente, menor rotatividade na empresa.

Conseguir olhar o entorno, compreender que as necessidades do outro nem sempre são as suas, que todos trabalham por um objetivo comum, torna-se um diferencial competitivo no mercado de trabalho atual.


Vemos, então, que ainda há espaço para novas práticas de educação socioemocional, que contribuirão para o crescimento emocional de crianças e jovens ao prepará-los para o mundo com pensamento crítico, responsabilidade social e ética, gerando impacto em suas famílias e transformando a sociedade. Lembrando sempre que não é possível simplificar a complexidade do desenvolvimento de pessoas, o processo de educação deve ser contínuo e estar presente nos diversos contextos sociais em que vivemos.


As datas para o Exchange de 2020 já foram anunciadas: de 13 (Pré-conferência) a 16 de outubro em Chicago!

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