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Relacionamentos machucados, como resgatá-los?

Atualizado: 20 de jun. de 2021


Relações humanas podem ser complexas, relações entre casais também. Afinal, o encontro entre duas pessoas pressupõe o cruzamento de histórias de vida, valores, visões de mundo e hábitos diferentes. Uns dizem que os opostos se atraem, outros dizem que são os semelhantes. Regras? Em matéria de relacionamento, não há.


Estamos vivendo tempos excepcionais. A pandemia em curso trouxe mudanças no comportamento social. O fechamento de bares, restaurantes e parques imposto no primeiro ano de quarentena e as medidas de isolamento social, necessárias para combater a propagação do vírus, forçaram muitas famílias e casais a viver em contato muito mais próximo e contínuo do que normalmente faziam. Essa convivência, em alguns casos, fortaleceu o vínculo, em outros tantos trouxe percepções novas.


Não raro ouvimos em conversas com amigos reclamações de que o parceiro mastiga alto ou que deixa o leite fora da geladeira; que esquece de apagar a luz quando sai do ambiente. Hábitos que antes não incomodavam, passam a ser um fator irritante.


O coronavírus nos obrigou a passar a maior parte de nossas horas no mesmo ambiente, exigindo maior tolerância com o outro para se manter sustentável. Tivemos que descobrir novas formas de trabalhar, viver, cuidar dos filhos e nos relacionar.


Neste novo contexto, os casais têm a oportunidade e o tempo para discutir questões das quais se esquivavam. E agora precisarão resolver pois não há mais como evitá-las.



É possível lidar com o desafio?


Tudo se torna bastante desafiador e algumas dicas poderão facilitar o convívio.


1) Lembre-se que o cotidiano tão estreito pode nos tornar mais implicantes, então, procure ser menos crítico. A crítica em excesso desqualifica a pessoa. A pandemia trouxe responsabilidades que você ou a outra pessoa não tinha antes, por isso bolas fora vão acontecer, não acertamos sempre, procure relevar.


2) O estresse traz alterações de humor. A crise pode estar tocando em questões mais delicadas suas ou de seu cônjuge. Podem ser questões que talvez remetam ao passado e que até agora estavam invisíveis no relacionamento. A empatia se torna fundamental, procure se conectar com a emoção e necessidades do outro.


3) Se você tiver filhos, cuide para não discutir na frente deles. As aulas on-line já estão tensas o bastante, evitar estresse adicional é importante para as crianças e os adolescentes.


4) Ninguém é adivinho e o que é óbvio para um, pode não ser para o outro. Seja específico no que você espera que o outro faça por você, ou que tipo de ajuda precisa.


5) Respeite os limites. Se o outro não está trabalhando em determinado momento, não significa que ele esteja com disponibilidade para conversas difíceis. Pergunte se ele poderia conversar, se não, quando poderiam falar.


6) Tempo a sós continua sendo importante, reserve seu momento na agenda e permita que a outra pessoa também tenha o dela. Não esqueçam de alinhar a programação para que ninguém se sinta preterido ou atropelado.


Os relacionamentos, em pandemia ou não, envolvem paixões e desilusões, encantos e decepções, brigas e reconciliações, conversas e discussões. São emoções que, como disse Guimarães Rosa, permitem que o viver seja um contínuo rasgar-se e remendar-se.


Não há como sustentar um relacionamento com tentativas de moldar o outro à imagem e semelhança de seus desejos. Os casais precisam perceber as individualidades, a sua e a do parceiro, conseguir integrá-las e também preservá-las.


Esse processo nem sempre é fácil quando o relacionamento está trincado. Então, ter o apoio de um profissional ajudará a resgatar ou ressignificar o casamento.


Como a terapia pode ajudar?


O papel do terapeuta não é julgar ou arbitrar, e sim ser um facilitador do diálogo, proporcionando que o casal acesse novas possibilidades, se fortaleça para enfrentar suas inseguranças e reconheça dentro de si conteúdos que ainda estejam inconscientes.


Vemos, então, que para caminhar juntos, o casal deve conhecer não só o que é compartilhado, mas também aquilo que é do outro. A terapia de casal ou individual propõe a compreensão e a investigação de comportamentos e manifestações psíquicas que favoreçam a transformação do casal e da subjetividade de cada um.



Gabriela Azevedo é psicóloga pela PUC-SP, mestre em psicologia pela USP, psicoterapeuta de adultos, adolescentes, professora em cursos livres e especialista em programas de carreira.




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