top of page

Por que os adolescentes e os universitários têm bebido destilados em excesso?

Atualizado: 19 de out.

O apelo das festas open bar e o consumo abusivo.


Mesmo sendo proibido para menores, a curiosidade pela bebida alcoólica está, e sempre esteve, presente na adolescência. Na maioria das vezes, não é o gosto pela bebida que atrai o adolescente, mas o desejo de pertencer: estar onde os outros estão, partilhar do mesmo rito, sentir-se incluído.  Para os adolescentes, beber faz parte dos ensaios de entrada para o mundo adulto.


Esse comportamento sempre traz preocupação pois o controle do impulso ainda está em desenvolvimento e, com isso, o limite entre a experiência e o excesso torna-se tênue e muitas vezes se rompe.


Ao chegar à universidade, essa impulsividade se renova sob outra forma. O jovem, agora, oficialmente deixou a adolescência e busca reafirmar sua autonomia de diversas maneiras, a bebida entre elas — beber torna-se uma manifestação de liberdade e de pertencimento ao universo adulto. Entre festas e celebrações, o álcool simboliza a conquista da maturidade, mesmo que, paradoxalmente, revele o quanto essa maturidade ainda está em construção.



O consumo excessivo destilados pelos jovens

As festas open bar


Uma pesquisa recente da Unifesp revelou que o consumo de bebidas alcoólicas por jovens e adolescentes aumentou no Brasil. Um dos fatores que favorece esse consumo são as festas open bar. Elas acontecem tanto para adolescentes, as chamadas de festas de comissão, quanto para os universitários. Nestas festas, paga-se uma entrada, ganha-se um copo e se bebe à vontade. Embora haja cerveja, a predileção dos jovens é pelos destilados, que com teor alcóolico maior, leva mais rapidamente à embriaguez.


O open bar não seduz só porque financeiramente parece interessante, mas porque há razões emocionais, culturais e simbólicas envolvidas, que também favorecem o abuso.


No imaginário coletivo, o open bar representa a abundância, a liberdade de consumir sem limites. Para o jovem é ainda a oportunidade de transgressão consentida, as normas ficam suspensas naquele espaço de tempo. A bebida se torna símbolo de poder, ali nada é negado e há a falsa impressão de que tudo é possível.


Por fim, como nos antigos banquetes divinos, em que a extravagância garantia imortalidade e êxtase, as festas open bar recriam para os jovens a ilusão de potência — um convite à desinibição e ao prazer absoluto.


Consequências


O consumo excessivo de álcool na adolescência e no início da vida adulta traz consequências que vão além do mal-estar no final da festa ou ressaca no dia seguinte.

O uso precoce do álcool compromete a memória, prejudica a capacidade de aprendizagem, reduz a consciência para a tomada de decisão e fragiliza o controle emocional, ao mesmo tempo em que favorece comportamentos de risco.


Quando o álcool se torna um meio de pertencimento ou uma forma de afirmar maturidade, abre-se espaço para padrões de consumo que podem se consolidar e acompanhar o indivíduo na vida adulta, favorecendo o desenvolvimento do alcoolismo.


Por isso, é fundamental que adultos não incentivem o consumo entre adolescentes e jovens. Pesquisas mostram que, quando há consentimento familiar, os jovens tendem a beber mais. Por outro lado, os jovens precisam desenvolver a consciência do consumo responsável e reconhecer a vulnerabilidade e a exposição associadas ao consumo excessivo.


Aos pais, não ensinem a beber, orientem.


Ninguém precisa ser ensinado a beber, e sim orientado. Ficam algumas dicas para te ajudar nessa conversa:


  • Compartilhe com seus filhos informações claras sobre os prejuízos causados pelo consumo excessivo de álcool — tanto físicos quanto emocionais e sociais.

  • Não estimule seu filho a beber, nem mesmo com você. Beber em casa pode ser interpretado como um incentivo ao consumo.

  • Oriente seu filho a sempre se alimentar antes de consumir bebidas alcoólicas.

  • Ensine que nunca se deve aceitar bebidas de estranhos ou beber de copos de outras pessoas — para evitar riscos de contaminação ou ingestão involuntária de outras substâncias.

  • Converse sobre a importância de beber com moderação, saber identificar o próprio limite e respeitá-lo.

  • Fale sobre os riscos do álcool quando combinado com direção, uso de medicamentos ou outras substâncias.

  • Incentive seu filho a sempre ter um plano de retorno seguro para casa (carona com alguém sóbrio, transporte público ou por aplicativo etc.).

  • Dê abertura para que ele te procure em situações difíceis, sem medo de julgamentos. O diálogo constante é o melhor caminho para a prevenção.


Se perceber que seu filho não está bem ou se ele apresentar sinais de dependência, busque ajuda de um profissional.



 

Gabriela Azevedo é psicóloga formada pela PUC-SP, mestre pela Faculdade de Medicina da USP, atua clinicamente atendendo adolescentes, jovens e adultos.



Comentários


CONTATO

11 98381-4881

atendimento presencial e online

ENDEREÇO

rua José Janarelli 199 cj 51

Jd Guedala - São Paulo

Ver no mapa

Gabi Logo (1).png
bottom of page