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Jogo online não tem pause! Por que o videogame é tão fascinante para os adolescentes?

Atualizado: 30 de mar. de 2021



Sabemos que durante a Pandemia, o videogame tem travado uma batalha permanente com o ensino online. E controlar o tempo de jogo se tornou um grande desafio para os pais, inclusive para mim, que sou mãe de um menino de 14 anos. Adolescentes são capazes de jogar videogame por horas a fio. Provavelmente há elementos no jogo que favoreçam a adição, mas minha proposta neste texto não é discuti-los, e sim trazer uma interpretação analítica sobre o fascínio dos adolescentes pelo videogame.




Adolescência e a jornada do herói


A adolescência é a transição da infância para a idade adulta, o adolescente se apropria de sua identidade e ganha autonomia para iniciar sua jornada. Esta fase é tão importante na formação da pessoa, que, nas mais diferentes culturas, há ritos de passagem que marcam a entrada na adolescência. Joseph Campbell, em seu livro O herói de Mil Faces, analisa importância dos rituais e dos mitos de iniciação.


Para entender um pouco mais sobre esta transição e sobre o que está por vir para o adolescente, pense em filmes de heróis ou mesmo de princesas que você já assistiu. Tenho certeza de que, em mais de um, o protagonista saiu para um passeio despretensioso, quando surgiu então uma figura misteriosa, por exemplo uma pessoa desconhecida com ar sombrio ou uma serpente com olhar dissimulado. Esta figura é o arauto do nosso herói, é ela quem irá chamá-lo para a aventura. Este elemento desconhecido pode gerar medo, deixar nosso protagonista hesitante, mas ele não resistirá e se arriscará em busca de seu objetivo. Esta aventura será cheia de desafios que só ele conseguirá enfrentar. Nesta jornada, o herói encontrará guardiões, que proverão proteção, aliados que o ajudarão e inimigos.


Vamos agora voltar o olhar para as nossas trajetórias e tenho certeza de que não será difícil identificarmos em nossas vidas a aventura acima. E só nós sabemos quantos desafios e obstáculos já passamos! Hoje nos sentimos fortalecidos por todos eles, mas a adolescência é um período de inseguranças, pois o adolescente ainda não tem clareza de suas maiores habilidades, capacidades e preferências, mas sente que logo ele será chamado para a sua aventura.


E o videogame?


Mas vamos lá, sei que você ainda quer entender o que o videogame tem a ver com tudo isso!


No ambiente virtual do jogo, há desafios, adversidades, obstáculos, mas há também recursos para que se consiga sobreviver, é criado um cenário de envolvimento emocional. Antes de começar a partida, o jogador pode ainda escolher seu avatar, ele se apropria de uma identidade, reconhecendo suas forças e vulnerabilidades, se sentindo, assim, pronto para o início da aventura.


Cada partida, tem um desfecho porque o rumo da história não está definido. Ele será resultado das escolhas que o jogador fizer e estratégias que ele criar, e das intercorrências de seus aliados e surpresas de seus adversários. O jogador vai descobrindo habilidades e aprendendo novos recursos para ter êxito em seu desafio.

Portanto, o videogame permite que o adolescente viva e reviva simbolicamente a sua jornada do herói, que está prestes a começar.


E como ficam os limites?


Entender o fascínio dos adolescentes pelo jogo é importante para compreender a fase que eles estão vivendo. Mas nesses tempos tensos da pandemia há um outro fator. Adolescentes necessitam de interação com os pares. É tempo da turma, das

Trocas e das descobertas em grupo. Tendo que ficar reclusos, os jogos são a maneira que encontram para interagir com os amigos, mitigar a solidão, dividir as angústias.


Mas há aulas rolando, há compromissos escolares de que tem de dar conta, mas não é pela proibição do videogame que eles conseguirão cumpri-las. Eles precisam aprender a dividir o tempo. Por isso, é a compreensão deste momento que nos levará, como pais, a conversar e combinar as regras que os adolescentes precisarão seguir.


Equilibrar responsabilidades com a escola e lazer é primordial. Mas confinados, não temos tantas alternativas de entretenimento. Um bom filme ou série pode ser uma boa opção, cozinhar junto é outra, e não sinta culpa ao incluir o videogame nesta seleção, este tempo de jogo também é importante para eles.



Gabriela Azevedo é psicóloga pela PUC-SP, mestre em psicologia pela USP, psicoterapeuta de adultos e adolescentes com abordagem junguiana, professora em cursos livres e especialista em programas de carreira.

www.gabrielaazevedo.com.br



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