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A adolescente, o grupo e o bullying: são mesmo meninas sendo meninas?

Atualizado: 28 de mar. de 2023

Quem tem filhos na adolescência, ou entrando nela, sabe que esta é a fase em que acontece um distanciamento dos pais e uma grande aproximação com o grupo. Ao fazer parte de um grupo de amigos, o adolescente se sente seguro e confiante. Ele julga estar entre seus pares. Todos nós passamos por isso e, tenho certeza, se eu te pedir para pensar nas suas lembranças de adolescência, o seu grupo de amigos estará lá! Esse é o processo natural do amadurecimento e necessário para entrarmos no mundo adulto com segurança.

Neste texto, escolhi voltar o olhar para a meninas. Meninas formam elos estreitos e grupos mais fechados, e pertencer a eles é importante para todas.

Como pais, é fácil observarmos que o grupo traz segurança e passa a ser parte da identidade de sua filha. Mas, eis que, de repente, há um movimento contrário. Uma das meninas do grupo passa a agir de maneira diferente, ela passa a ser julgada, excluída e é alvo de comentários e fofocas. E mais, isto acontece tanto no ambiente escolar, quanto no virtual em conversas de WhatsApp e posts de Instagram.

É uma situação que requer nossa atenção.




“São meninas sendo meninas”?


Para ajudar estas adolescentes, precisamos mudar a percepção de que “são apenas meninas sendo meninas”, como se o bullying fosse aceitável e normal. Não é! O bullying traz prejuízos a todos envolvidos, interfere na performance escolar, nos relacionamentos e em atividades corriqueiras do dia a dia. E aqui não falo apenas para os pais das meninas que são vítimas do bullying, mas também aos pais das que o estão praticando. Dos dois lados, não se pode ignorar o problema. Humilhar e ser humilhado não é emocionalmente saudável e não pode ser tolerado.


Qual o papel dos pais neste processo?

Por mais difícil que seja para os pais, o seu papel não é intervir diretamente e se sobrepor à filha, mas ajudá-la a se fortalecer para solucionar o problema. A adolescente precisa sentir que tem autonomia e capacidade para se posicionar. Atravessar a situação poderia resolver de imediato, mas os pais não estariam contribuindo para a promoção da autoestima da filha. Simplesmente ditar o que ela tem que fazer também não ajuda. Como pais o melhor é dar sugestões e ajudá-la a pensar de que forma ela poderá agir, mas a escolha da conduta deve partir da própria adolescente.

Conversem com as filhas e ouçam o que elas têm a dizer. Você pode, por exemplo, perguntar à adolescente que está praticando o bullying “que sentimentos esta amiga provoca em você, que faz com que você aja assim?”. Por outro lado, se sua filha é a que sofre o bullying, pergunte “que mensagem você acha que esta amiga está te passando? Ao reagir como você está reagindo, o que você acha que você está dizendo a ela?”. Estes são dois exemplos de perguntas abertas que darão espaço para que suas filhas falem sobre seus sentimentos. E são os sentimentos que movem os adolescentes.


Quando o bullying é velado


Temos que lembrar que nem sempre o bullying é explícito, ele pode acontecer de maneira velada e neste caso fica mais difícil ajudá-las. Por isso, devemos observar alguns comportamentos que podem indicar que as adolescentes não estão bem.

Sua filha estar sendo vítima de bullying se ela:

- Passou a ter dificuldade de fazer contato visual.

- Começou a dar de ombros.

- Não tem conseguido se posicionar e sempre concorda com os outros.

- Tem dito “não sei” com frequência.

Sua filha pode estar praticando bullying se ela estiver:

- Elevando sempre o tom de voz e até gritando.

- Estiver se mostrado insensível e demonstrando desdém.

- Usando sarcasmo para inferiorizar o outro.

- Entrar sempre em discussões e se exaltar com posições diferentes das dela.

De um lado e do outro, estamos olhando para meninas envoltas em inseguranças. Então, se o percurso para ela e para vocês, pais, estiver difícil, não deixe de buscar ajuda. O bullying provoca intenso sofrimento psíquico tanto para quem pratica, quanto para quem é vítima dele.


*Gabriela Azevedo é psicóloga pela PUC-SP, mestre em Comportamento do Adolescente pela USP, especialista em adolescência e educação socioemocional e tem larga experiência com programas de desenvolvimento.


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