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Foto do escritorGabriela Azevedo

Autoimagem na adolescência – como não se perder do corpo real?

Atualizado: 30 de jul.

Na adolescência, inseguranças quanto ao corpo são comuns e até mesmo esperadas. Os corpos estão se desenvolvendo e ainda se desconhece as formas que irão ganhar. O processo do adolescer é em si conflituoso, uma batalha entre o impulso de retornar ao modo conhecido e seguro da infância, e o caminho para o mundo adulto com sua autonomia e responsabilidades. É em meio a este emaranhado de emoções que os adolescentes vão se transformando e conhecendo as suas novas versões.


Mas tenho notado no consultório um incômodo exacerbado, uma preocupação exagerada das meninas adolescentes com seus corpos. Uma menina de 13 anos que já traz curvas de um corpo de mulher, me disse entre soluços “estou larga”, outra menina, de apenas 14 anos, magra, mas não magrelinha, chora por achar que sua coxa é muito grossa. Uma outra de 17 anos, desenvolveu anorexia.


Como se tornou sofrido ter que se encaixar em um modelo de magreza que não cabe para muitos corpos.



O que contribui para essa preocupação exacerbada?


Sem dúvida, as redes sociais contribuem para este vício da perfeição. Filtros, editores de imagens, corpos assépticos são exibidos à exaustão. Esse conteúdo inalcançável é consumido pelas adolescentes em um movimento que acaba em uma autoimposição, já que o corpo magro e estéril parece a única solução para a realidade que é feita de manchas, espinhas, gordurinhas, suor e lágrimas!


O que não é possível na vida das meninas, é possível na vida digital. Acreditam nesse corpo virtual, que torna-se tão onipresente em suas telas. As adolescentes não se dão conta de que no mundo digital perde-se o corpo natural, falho e imperfeito. Perde-se o corpo real.


Outro aspecto que chega com força para as adolescentes é a relação das mães com seus próprios corpos. Muitas mulheres se veem nessa mesma busca pelo ideal. E as meninas as acompanham desde pequenas, num aprendizado contínuo de insatisfação. Suas mães nunca se acham magras o bastante, sem rugas o bastante. A frustração com a autoimagem torna-se parte do cotidiano delas e de suas filhas.


A transformação é inevitável


Vemos mulheres e adolescentes em um esforço tremendo (e em vão) para controlar o que está continuamente em transformação. Sabemos que o tempo é inexorável, por meio dele nossas vidas ganham novos contornos e nossos corpos novas silhuetas.


Torna-se urgente a reflexão sobre o modelo de identificação que estamos oferecendo a estas meninas. Cabe a nós, adultos, ajuda-las a compreender que crescemos, amadurecemos e envelhecemos em nossa singularidade.




*casos citados com consentimento.


Gabriela Azevedo é psicóloga pela PUC-SP, com mestrado em Comportamento do Adolescente pela Faculdade de Medicina da USP, atua clinicamente e como orientadora de carreira,




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