Esta semana atendi, online, uma adolescente que me disse com os olhos cheios de lágrimas “estou me sentindo sozinha. Não me sinto participando”.
As emoções durante a adolescência são vividas de maneira intensa. E não será diferente durante o isolamento social. Pelo contrário, é natural e até esperado que nesta fase, o nível de ansiedade dos adolescentes aumente e a irritabilidade e os estados depressivos apareçam.
Temos que cuidar dos nossos jovens para que consigam lidar com todos os sentimentos que surgirão neste período e ajuda-los para que passem por ele da maneira mais tranquila possível.
Por que estar isolado é tão difícil para o adolescente?
Para o adolescente, o grupo é muito importante, os adolescente experimentam uma sensação de não pertencimento e, com isso, os medos e as inseguranças, que já fazem parte da adolescência, se acentuam.
Muitos adolescentes, ao se sentirem preocupados e ansiosos, passam a temer a falta de controle emocional e enxergam a situação de maneira mais ameaçadora do que são. É comum ouvir deles frases como “não vou aguentar”, “é demais para mim”, “não dou conta”, “vou enlouquecer”.
Então como podemos ajudá-los?
Cabe a nós, adultos, ajudar o adolescente a não se subestimar e a perceber que é capaz de lidar com as suas angústias.
Abaixo deixo algumas orientações para ajudar os pais neste processo:
1) Busque normalizar o nível de ansiedade do adolescente sem trazer notícias alarmistas ou usar como referência dados que não correspondem a uma realidade possível para ele. Ao invés disso, converse sobre importância da prevenção com orientações práticas de como podem se cuidar.
2) Ofereça a ele perspectivas. Dados concretos e ilustrativos ajudam a entender o risco real e não superdimensioná-lo ou minimizá-los. As pessoas têm a tendência de ficarem obcecadas pelo assunto. Mas evite fazer updates contínuos do que lê para seu filho. Pesquisas mostram que informações ambíguas ou não embasadas em nada contribuem para o alívio da ansiedade, inclusive podem elevá-la.
3) Ajude o adolescente a estabelecer uma rotina de atividades. Crie com ele uma lista de tarefas, domésticas inclusive, e prazos para cumpri-las. Isto pode evitar distrações e levar a atenção do adolescente para outros assuntos que não o Corona vírus.
4) Relembre com seu filho de situações de estresse que ele conseguiu superar mostrando como ele tem recursos internos para isto.
5) O adolescente precisa sentir que é relevante, estimule seu filho a pensar com o grupo de amigos em soluções criativas para ajudar os que precisam de atenção neste momento.
6) Controle sua própria ansiedade. Como as crianças, o adolescente também busca nos pais sinais que mostrem se determinada situação é ou não ameaçadora. Não adianta você dizer uma coisa para ele e manifestar outra.
7) Busque ajuda. Percebeu que o nível de ansiedade, irritabilidade, desânimo do seu filho está no limite? Não hesite em buscar ajuda. Os psicólogos mantiveram seus atendimentos online.
8) Lembre-se e lembre a seu filho: estar isolado não é estar sozinho!
*Gabriela Azevedo é psicóloga, com mestrado em Comportamento do Adolescente, especialista em adolescência e desenvolvimento socioemocional.
www.gabrielaazevedo.com.br / 11 98381-4881
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